“O Câncer com Leveza” - Por Renata Vittorato

Data de publicação: 20/04/2024

A história de Renata começa com um encontro inesperado numa rave, onde aos 30 anos conheceu o Danilo, de 23. A festa que parecia ruim, acabou mudando sua vida para sempre. Sem quaisquer pretensões iniciais com ele, acabaram se apaixonando e sim, se casaram!

Já durante o casamento, o casal resolveu tentar engravidar, mas entre uma tentativa de fertilização in vitro e outra, ela sentiu um carocinho na mama. Como foi durante uma viagem fora do país, inicialmente não deu muita importância ao nódulo que encontrou e seguiu com as férias sem ficar pensando nisso.

Após dois meses, sua cunhada a incentivou a procurar um médico pois ficou preocupada com a possibilidade de ser algo mais sério, especialmente porque sua irmã já havia enfrentado o câncer de mama. Então, ao retornar ao Brasil, ao examiná-la, a médica não gostou do que apalpou e a encaminhou direto para a biópsia – que confirmou que ela tinha um câncer raro e agressivo, Her triplo negativo - isso significa que não pode ser tratado com terapias hormonais ou terapias direcionadas a HER2, podendo tornar o tratamento mais desafiador.

Embora não tenha se espalhado, ela foi informada que teria que esperar cinco anos antes de tentar engravidar novamente, o que foi uma notícia devastadora para ela, que sempre quis ser mãe. Esse período difícil foi marcado por muitas lágrimas e emoções. Mas ela diz que sobreviveu para ser mãe! Então, ela começou sua jornada, primeiro com a cirurgia da mama e no mês seguinte com o cateter.

O próximo passo foi a coleta dos óvulos. Rapidamente, fizeram todo o protocolo para coletar os óvulos e congelar os embriões antes de iniciar o tratamento oncológico. Devido a toda essa pressa, somente 2 embriões vingaram e foram congelados. Em seguida, iniciou o tratamento oncológico que foram: 21 quimioterapias e 32 radioterapias.

Quando seu cabelo, que vinha até a cintura - um cabelão, começou a cair - sua irmã comentou sobre um peruqueiro famoso que fazia perucas para vários artistas, eram bem conhecidas suas próteses capilares, combinaram um dia e foram até lá. Nesse dia, ela levou o Lauro Maeda para fazer as fotos dela raspando o cabelo, fizeram também um vídeo. Ela levou as amigas e sua mãe junto, e todos ali dando a maior força pra Renata naquela hora! E o cabelo dela que foi cortado acabou guardado para depois doar.

Ela não conseguia se imaginar sem cabelo, apesar de ter uma cabeça bonita e ter ficado uma careca linda, não conseguia sair na rua assim, ela não queria que ninguém olhasse ela com aquela cara…. de velório. Então percebeu uma oportunidade de explorar isso, de brincar, de criar personagens e de sempre estar com um visual diferente. Além das muitas próteses que tinha, comprou perucas coloridas de diferentes estilos, inspiradas na Flávia. Assim, viu como era possível transformar e dar um novo significado a todo o processo da vaidade, beleza e autoestima.

Contar ou manter segredo sobre o tratamento oncológico?

Renata se sentia sufocada sem saber como lidar com a situação de contar ou manter em segredo a sua condição de saúde. Estava se corroendo por dentro, apesar de ser uma pessoa transparente, era também reservada. E foi então que resolveu, acho que tomar aquela pílula de Quimioterapia e beleza…. E decidiu compartilhar sua batalha no Facebook.

Anunciou o início do tratamento e sua determinação em vencer. Ela criou uma página no Facebook como um diário de seu tratamento, compartilhando seus sentimentos e pensamentos. E foi assim, a partir da página que eu criei o QeB, e também através da Renata, que vieram as blogueiras. Fomos PIONEIRAS, as primeiras blogueiras oncológicas do BR, cada uma falava sobre o que sabia falar, eu sobre beleza, a Renata sobre a leveza, a Silvania sobre exercícios físicos. A gente foi se conhecendo, se encontrando e começou a nossa amizade, cumplicidade e todo esse movimento. Tudo em prol de trazer um pouco de alívio para as outras pessoas que estavam vivendo essa mesma dor.

Temos contato com milhares de pacientes oncológicas e sabemos como é desafiador o tratamento pelo SUS, dependendo da região; mas a Renata não teve problemas nesse sentido, sempre teve plano de saúde e recursos financeiros que lhe proporcionam acesso a tudo o que precisava durante o tratamento contra o câncer. Médicos, medicamentos e cirurgias, é uma privilegiada. No entanto, sentia a necessidade de fazer um movimento com essa condição favorável e ajudar outras pessoas, especialmente mulheres e meninas que enfrentavam desafios semelhantes.

Ela sentia que ao ajudar os outros, também se curava. Estar ao lado de pessoas que estavam passando pela mesma situação era vital para ela, tanto para receber apoio quanto para oferecer suporte. Era uma parte fundamental de seu próprio processo de cura.

A gravidez

Após dois anos e meio de tratamento contra o câncer, finalmente recebeu a autorização de sua oncologista para tentar engravidar. No entanto, surgiu um novo obstáculo: ela estava praticamente estéril, infértil. Após 09 meses de tentativas frustradas e muitos hormônios, começou a considerar outras opções, como barriga de aluguel e adoção, mas, não desistiu.

Apesar de não estar na sua melhor forma física devido a aplicação de tantos hormônios, um dos embriões congelados vingou, trazendo consigo um verdadeiro milagre. Aos 40 anos, Renata se tornou mãe de Danilo Gabriel, uma prova de que a determinação e a esperança podem superar qualquer obstáculo.

No final da gravidez ela teve diabetes gestacional e precisou ficar internada para controle, foi quando descobriu que seria um menino e não menina, como sua intuição achava. Então, nasceu um meninão lindo e saudável com quase 4 kg! O nascimento foi bem intenso pois chegou uns dias antes do previsto, e ela brinca que o Gabriel esperou 3 anos congelado para vingar.

Mas a Renata queria mais um filho, o marido e sua médica achavam que ela deveria se contentar com um milagrinho mesmo, pois seria muito sofrimento passar pela fertilização novamente, tantos remédios, e a frustração da família toda…

No aniversário de 2 anos do Danilo Gabriel, vendo como ele estava crescendo, decidiram tentar mais uma vez. Então foram viajar, super desencanados, planejando ver o médico de fertilização na volta das férias, e adivinha??? Boom! Ela já estava grávida no aniversário do pequeno Gabriel e nem desconfiava!

A Renata foi até fazer o exame de laboratório para confirmar, e sim, aos 42 anos ela engravidou naturalmente! E o que deixou o Danilo, seu marido, desnorteado mesmo, foi a notícia que seria pai de uma menina! A pequena Geórgia é o amor da vida do pai e mais um milagrinho na vida da nossa Cat.

E como está a Renata e sua família hoje?

Danilo Gabriel está com 7 anos, é fã de futebol, amigo e companheiro - ajuda todo mundo. Geórgia vai fazer 5 anos e é uma verdadeira princesa. Mandona e divertida - é super vaidosa! A Rê, por usar hormônios com aval da sua oncologista, realiza exames de controle de 6 em 6 meses. Ela escobriu a aromaterapia e tem estudado muito esse assunto para realizar atendimentos e aplicar no dia a dia os óleos naturais e terapêuticos para o bem-estar e saúde.

@revittorato


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