Dois pesos e duas medidas

Data de publicação: 08/07/2020

Por Deborah Duarte

Semana passada trouxemos a nossa indignação com a Discriminação Inconstitucional sofrida por uma paciente jovem, que recorreu à justiça para conseguir assumir seu cargo após aprovação em concurso público, pois foi “eliminada” na perícia médica submetida pelo órgão, mesmo seu oncologista atestando estar apta a todas atividades da vida civil.

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Hoje, outro caso resgata o mesmo assunto.
Uma paciente de 35 anos com CA de mama, professora de educação física do ensino médio, concursada do Estado de SP, após cirurgia de retirada dos linfonodos axilares, perde os movimentos e força do braço esquerdo. No laudo da sua perícia para o pedido de afastamento, foi considerada “apta” a voltar ao trabalho e ainda levou de brinde a sugestão da perita “se adapte”. Ao contrário de seu oncologista, que atesta a sequela no braço esquerdo com perda dos movimentos e que a enquadra como deficiente físico.

Resumo da ópera: Desde o ano passado a paciente está sendo obrigada a ministrar as aulas de educação física na Escola Estadual, mesmo com sua restrição de movimentos. E o mais agravante, ela está em tratamento de metástase e a perícia não considera esse fator como parte do pedido primário da licença.

Nosso diretor científico Dr. Felipe Ades, em vídeo disponibilizado nos seus canais, afirma que a metástase é decorrente de um tumor primário, cujas células após caírem na corrente sanguínea migram e se instalam em outro órgão. Mas sua origem de tratamento é sempre correspondente ao seu tumor primário.

São tantas adversidades que a doença já apresenta e ainda ter que recorrer à Justiça pra comprovar que está doente ou curada, por falta de um alinhamento com a evolução da medicina se torna desgastante, pra não dizer desumano. Falta atualização e conhecimento, além de bom senso.

Cabe à sociedade e Organizações sugerirem discussões e mudanças por meio de representantes legais. Um Projeto de Lei está tramitando na Câmara para aprovação do “Estatuto da pessoa com câncer”, e essas questões devem ser avaliadas e acrescentadas. Incluir o resgate da vida pós-câncer é respeitar a dignidade humana e os valores sociais do trabalho, conforme estipula a Constituição.

São estimados mais de 300 mil novos diagnósticos de câncer na mulher, somente para este ano, segundo o INCA. Portanto, uma população considerável que não pode ficar invisível por 5 anos após alta médica.

Conta pra gente Cat, se você também teve que recorrer em busca dos seus direitos. ?


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