Diagnosticada aos 22 anos

Data de publicação: 31/01/2023

Relato da Cat Claudia Horrana

Aos 22 anos, com uma vida pessoal corrida de trabalho, faculdade, cuidando do meu irmão que havia sofrido um acidente, meus pais recém-separados, psicólogo e fisioterapia; descobri um caroço no meu seio esquerdo extremamente grande, mas não sentia nada.

Era dezembro e procurei um médico para não ficar com a consciência pesada, que apenas fez um ultrassom e disse “é só estresse, chocolate e refri demais, pare de comer e tomar essas coisas que logo passa”. Mas o caroço não diminuiu, e sim cresceu mais.

Em março, resolvi procurar outra médica e que foi um anjo na minha vida, ela além de me examinar, pediu uma biópsia. Quando retornei, ela pediu para minha mãe me acompanhar, disse “olha era realmente o que eu suspeitava, você está com um câncer de mama e no final do primeiro grau”. Então, me encaminhou para uma médica maravilhosa no Hospital Araújo Jorge, que foi super rápido. Esta médica solicitou vários exames para descobrir onde meu câncer poderia ter iniciado, mas todos foram descartados, meu câncer não tinha uma causa ou explicação provável. Até por uma geneticista passei e nada foi encontrado.

Eu, com 22 anos, diagnosticada com câncer de mama, senti que minha vida tinha acabado, que tudo que sonhei nada poderia mais realizar e comecei meu tratamento. Na época namorava um garoto que não perdeu a oportunidade de me trair, me enganar e me fazer de besta o máximo que conseguiu.

Assim que comecei o tratamento fiquei muito ruim, em 20 dias perdi quase 15 quilos, pois não comia, não dormia e só chorava, com dores, com sensação estranha e com muito vômito. Após dois meses de tratamento, tive coragem e terminei o namoro e me senti aliviada quando tomei essa atitude! Fiz minhas quimios vermelhas e as brancas também.

Mesmo meus pais separados os dois sempre estavam juntos para tudo que se referisse a mim, meu irmão estava comigo, meus avós, e muita gente saiu da minha vida (pessoas que eu achava que nunca ia sair), outras que diziam ser minhas amigas(os) me deixaram quando precisei, mas nunca abaixei minha cabeça e sempre fui pra cima e tentei estar melhor a cada dia.

Voltei pra faculdade e a trabalhar agora de casa, estou sempre no hospital fazendo exames, às vezes internada, mas todos que ficaram comigo fazem o que podem para me ajudar, me acompanhar e ficar bem!

Durante esse processo perdi meu cabelo, mas não me deixei abalar por isso. Nunca usei lenço, tinha e ganhei vários, mas nunca usei, sempre achei que não combinava comigo e gostava do meu novo visual sem cabelo. Nesse período os médicos continuavam procurando saber de onde meu câncer tinha vindo. Agora, perto de fazer 24 anos, resolvi aceitar o pedido de namoro de um rapaz que sempre me pedia em namoro mesmo antes do câncer.

Fiz minha cirurgia da mama esquerda e esvaziamento axilar pois já tinha vários nódulos e fiquei 3 meses de repouso. E aos 24 anos, realizei novos exames com a maravilhosa médica que cuidou de mim como uma filha e fala sempre “que sou a bebê deles pois sou a paciente mais nova com câncer de mama”. Ela disse que os novos medicamentos não estavam funcionando e que me mandaria para o setor de “pesquisa” do hospital, pois lá eles teriam mais apoio e medicamentos que eu poderia tomar. E só assim, descobriram que meu câncer vinha sendo alimentado pelos meus hormônios. Ou seja, todos os medicamentos que estavam me passando, os meus hormônios são mais fortes, não estavam matando meus nódulos. Dai me deram duas opções: tirar meu útero ou tentar fazer outro tratamento. Nessa hora vi meu mundo cair, porque realmente, sempre sonhei em ter filhos e pra mim isso era o fim, me abati muito, mas minha fé e da minha mãe sempre foi maior, e eu entendi que seria o que Deus decidisse na minha vida, e aceitei o novo tratamento.

Hoje, prestes a fazer 25 anos, me encontro fazendo um novo tratamento de quimio e tentando viver o máximo minha vida. E sem pensar em doença ou em morte. Apenas em viver feliz, poder fazer minhas coisas e se Deus permitir, ter um filho um dia!

Claudia Horrana


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