Câncer de colo do útero | Tratamento

Data de publicação: 04/12/2020

Cats, o oncologista Dr. Fernando Maluf nesta matéria super completa explica sobre o câncer de útero, tipo de câncer que despertou muitas dúvidas após a revelação do diagnóstico da apresentadora Fatima Bernardes.

É um dos mais frequentes tumores na população feminina, atrás somente do câncer de mama, pulmão e do colorretal. Afeta cerca de meio milhão de mulheres a cada ano no mundo, com a maior parte ocorrendo antes dos 50 anos.

Confiram os tratamentos necessários, os tipos deste câncer e muito mais.

ESTADIAMENTO

O câncer de colo uterino tem quatro estádios, que estão descritos abaixo:

Tabela com estadiamento do câncer de colo do útero.

Requer a combinação de procedimentos como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do estágio em que a doença se apresenta:

TRATAMENTO

Neste estádio, em que o câncer está confinado ao colo de útero, podemos separar os tumores que apresentam pequenas áreas de invasão (tumores com milímetros de tamanho e microinvasivos – Estádio IA) daqueles maiores, com tamanho acima de 7 mm (Estádio IB).colotrat

Câncer confinado ao colo uterino e o tratamento específico para estas fases da doença.

Estádio IA

Nos tumores microinvasivos (Estádio IA), a cirurgia poderá ser conservadora, com retirada de apenas uma porção do colo uterino, permitindo a preservação do órgão para gestações futuras. As duas técnicas mais empregadas são a conização e a traquelectomia, mas também há a técnica da histerectomia, conforme descrito a seguir.

  • Conização

O cirurgião retira o canal do colo de útero, desde sua abertura na vagina até a parte que penetra a extremidade inferior do útero. Para que a cirurgia seja considerada radical, todo o material deve ser examinado pelo patologista, para confirmar se o tumor realmente era microinvasor e se as margens cirúrgicas estão livres. Caso se constate que o tumor era maior do que o esperado ou que as margens estão comprometidas, haverá necessidade de cirurgias mais amplas.

  • Traquelectomia radical

É uma técnica relativamente nova, realizada com o objetivo de retirar todo o colo de útero, o tecido em seu redor e os linfonodos da bacia, para ter certeza de que o câncer não os atingiu. Como o corpo do útero é preservado, em cerca de 50% dos casos há possibilidade de nova gravidez. É indicada principalmente nas pacientes que tem a intenção de uma gestação no futuro

  • Histerectomia simples

É importante mencionar que em mulheres não desejosas de futuras gravidezes é possível realizar a remoção de todo o útero.

Estádio IB

Esses casos podem ser tratados pela cirurgia ou por radioterapia.

  • Histerectomia ampliada (Wertheim-Meigs)

O tratamento tradicional para os tumores com mais de 7 mm, porém ainda localizados no colo, consiste na remoção do colo e do corpo uterinos, acompanhada da retirada da parte superior da vagina, dos tecidos e ao redor do colo (paramétrios) e dos linfonodos no interior da bacia. A retirada dos ovários será necessária em alguns casos, mas na maioria das vezes eles podem ser preservados.

É uma cirurgia relativamente grande e pode apresentar algumas complicações transitórias, como retenção e incontinência urinária ou obstipação intestinal. A preservação da vagina e da função ovariana auxilia a manter a libido e a vida sexual.

  • Radioterapia

Nas pacientes que não desejam cirurgias mais amplas, ou naquelas com idade avançada ou com problemas de saúde que contraindiquem a cirurgia, podemos optar pela aplicação de radioterapia direcionada ao colo de útero, como alternativa, sem prejuízo do resultado final. Existem duas formas de administrar radioterapia: externa e interna.

Na radioterapia externa, o equipamento libera os raios ao redor da bacia para que eles atinjam o colo de útero e os tecidos ao seu redor. Para isso, são utilizados exames de tomografia, que calculam o trajeto da radiação até o colo uterino, com prejuízo mínimo para os órgãos sadios da bacia. O procedimento é indolor e dura cerca de 15 a 20 minutos diariamente, de segunda a sexta-feira, no total aproximado de cinco semanas.

Na radioterapia interna, também chamada de braquiterapia, a fonte de radiação é colocada o mais próximo possível das células tumorais. A técnica reduz a quantidade de radiação para os tecidos normais e, ao mesmo tempo, permite que se possa utilizar uma dose mais alta de radiação por período mais curto do que o da radiação externa. Para tanto, são introduzidas no interior do colo de útero pequenas “sementes” de material radioativo. O procedimento exige sedação.

Em alguns casos de adenocarcinomas ou de tumores maiores, mas ainda limitados ao colo, a radioterapia poderá ser utilizada previamente à cirurgia. A radioterapia com ou sem quimioterapia também é indicada quando o exame anatomopatológico (biópsia) revela características mais agressivas ou quando a lesão está mais avançada do que se esperava.

Embora as técnicas de radioterapia tenham evoluído bastante na última década, ainda pode ocorrer inflamação secundária das estruturas vizinhas ao colo uterino, surgir secura vaginal, dor na relação sexual, estreitamento da vagina, ardor no reto, sangramento retal, diarreia, urgência para evacuar ou urinar, sensação de ardor ao urinar e osteoporose dos ossos da bacia.

Estádios II, III e IVA

Nestas situações, em que o tumor já cresceu além do colo e invadiu outras estruturas, a cirurgia não consegue ser radical e pode lesar os órgãos das proximidades, portanto não é realizada de rotina. O tratamento nesta fase é realizado com radioterapia na pelve associado ao tratamento com quimioterapia, seguida de uma fase de braquiterapia.

Câncer que invade estruturas bem próximas, como a vagina e o paramétrio, e o tratamento específico para esta fase da doença.

Câncer que invade estruturas vizinhas, porém mais distantes da pelve, e o tratamento específico para esta fase da doença.

Câncer que invade os órgãos adjacentes, mostrando crescimento do tumor por proximidade (Estádio IVA) e metástases para órgãos distantes, como pulmões, fígado e ossos (Estádio IVB), e o tratamento específico para esta fase da doença.

Estádio IVB

Nesta fase da doença, em que as células tumorais se espalharam para órgãos distantes, como pulmões, fígado e ossos, através da corrente sanguínea e/ou linfática, a estratégia é atacar as células malignas onde quer que elas estejam

O tratamento de escolha nesta situação é a quimioterapia, administrada com o objetivo de reduzir os tumores, possibilitando controlar a doença pelo maior tempo possível.

Há também benefício da associação da quimioterapia com drogas que inibem a formação de vasos sanguíneos no tumor, sendo a medicação mais conhecida chamada bevacizumabe.

A imunoterapia foi recentemente incorporada no tratamento do câncer de colo uterino metastático para pacientes que fizeram uso de quimioterapia com platina sem resposta ao tratamento. A imunoterapia aprovada é com a droga pembrolizumabe.

FONTE: Instituto Vencer o Câncer


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