Atraso no diagnóstico dificulta tratamento contra câncer ginecológico

Data de publicação: 20/01/2021

Com a chegada do novo coronavírus, todos se viram em um cenário de isolamento e profunda mudança de hábitos. Uma das principais consequências foi o adiamento de consultas médicas e da realização de exames preventivos, que impactou diretamente na detecção precoce de doenças como os cânceres ginecológicos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), de 50 mil a 90 mil casos de câncer podem ter ficado sem diagnóstico no Brasil apenas nos dois primeiros meses de pandemia.

A pesquisa que realizamos ouviu cerca de 820 pacientes oncológicas de todo o Brasil, entre 18 e 70 anos, e aponta que muitas pacientes deixaram de se consultar com médicos, realizar exames, receber diagnóstico, iniciar ou manter tratamentos e tiveram até procedimentos importantes cancelados, como cirurgias, radio e quimioterapia.

Os cânceres ginecológicos são aqueles que afetam útero, ovário, endométrio, vulva e vagina. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são registrados aproximadamente 30 mil novos casos por ano dessas doenças combinadas.

Dr. Tiago Kenji Takahashi, diretor técnico do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, explica os principais sintomas e como é feito o diagnóstico de cada tipo.

Colo do útero

O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes entre as mulheres e, na maioria das vezes, é resultado de infecção pelo Papilomavírus Humano – HPV. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 16 mil casos são registrados por ano, com mais de seis mil mortes.

“A grande maioria desses óbitos, no entanto, poderia ser evitada com um diagnóstico precoce graças ao Papanicolau, um exame simples e rápido, que pode ser realizado no consultório e deveria ser feito por todas as mulheres anualmente”, diz o especialista. Uma forma também simples de prevenir o surgimento desse câncer é a vacinação de mulheres e homens contra o HPV.

Corpo do útero / Endométrio

Quando a doença afeta o corpo do útero ela tem origem, na maioria das vezes, no endométrio (tecido que reveste o órgão internamente). Dr Tiago explica que é esse câncer é mais comum em mulheres após a menopausa e seu principal sintoma é sangramento e dor pélvica. O INCA estima que o país tem cerca de 6.500 casos ao ano, com aproximadamente 1.700 mortes. O diagnóstico é feito com imagens clínicas e de imagem, como o ultrassom transvaginal.

Ovário

Com apenas cerca de 6.600 casos ao ano, segundo o INCA, esse câncer tem alta taxa de mortalidade. Isso acontece porque é uma doença que não apresenta sintomas em seus estágios iniciais, começando a dar sinais somente quando já está avançado.

Dr Tiago Kenji conta que os primeiros sintomas costumam ser inchaço e dor no abdômen e na região pélvica, dores nas costas e mudança no hábito urinário ou intestinal, como indigestão, prisão de ventre ou diarreia. O diagnóstico precoce, no entanto, é possível com a realização de exame clínico periódico, exames laboratoriais e de imagem.

Vulva e vagina

Menos comum entre os cânceres ginecológicos, esse tipo raro costuma ter desenvolvimento lento e acomete principalmente mulheres idosas. Entre sinais que podem indicar a doença estão o surgimento de uma área na vulva com aparência diferente, com pele mais clara, mais escura ou coloração avermelhada, e com textura distinta da pele ao redor, mais áspera ou espessa. Também podem ocorrer coceiras que não passam, dor local e sangramentos.

“Para o diagnóstico precoce é importante a realização periódica do exame ginecológico clínico, complementado por Papanicolau, colposcopia e, se necessário, uma biópsia da região”, reforça o oncologista.


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